quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

VIVER A VIDA?

Novelas ditam modas e, como administradores, devemos estar
atentos. Espanta-me essa última, que traz o curioso título de “Viver a Vida”.
Apesar de apresentar depoimentos emocionantes de pessoas reais que
superaram grandes problemas no final dos episódios, Viver a Vida dá um
show de deturpação de valores do começo ao fim de cada capítulo.

Normalmente, as obras de ficção dividem claramente as pessoas entre
boas e más, o certo e o errado são evidentes, e nos colocamos a torcer
pelo sucesso do protagonista e o castigo dos vilões, como o fizemos em
A Favorita, com o duelo entre Donatela e Flora.

Na novela de Manoel Carlos, esse dualismo não existe. Com a desculpa
de aproximar seus personagens da realidade, o autor lhes confere
virtudes e defeitos. Entretanto, paira um ar de normalidade sobre
todas as safadezas cometidas pelos personagens, que eu chego a me
perguntar o que ele quer dizer, realmente, com “viver a vida”.

Viver a Vida é uma novela onde praticamente todos os personagens
enganam uns aos outros. O marido trai a esposa com a prima dela, a
esposa trai o marido com o cara da academia, o outro troca a
companheira de uma vida inteira por uma modelo 30 anos mais jovem ,
que agora já vive um affair com o sujeito que conheceu no meio do
deserto (que corre o risco de ser filho de seu próprio marido), irmãos
(gêmeos!) disputam a mesma garota… ufa! E tem muito mais, mas não
quero tirar a paciência do leitor com essas picuinhas.

Onde mora o perigo?

Diversos estudos, em especial os conduzidos pelo Prof. Robert B.
Cialdini, da Arizona State University, demonstram que temos uma grande
tendência a fazer o que a maioria faz – mesmo que seja um
comportamento socialmente indesejável. Segundo Cialdini, somos
naturalmente maria-vai-com-as-outras*.

Manoel Carlos gasta o seu latim para provar que trair é algo normal,
que todo mundo trai todo mundo e não há nada reprovável nisso. Pelo
contrário: é até algo bonito, poético. As puladas de cerca ocorrem
sempre com o belíssimo pano de fundo da cidade maravilhosa ao
entardecer, do alto de uma asa delta, ou nas areias paradisíacas de
Búzios, ao som de uma belíssima trilha sonora. Sei lá, sei lá…

Há algum tempo, havia em minha cidade um jornalzinho que circulava
entre os colégios, cuja maior atração eram os recadinhos que os alunos
postavam uns para os outros. Depois que Aline Moraes interpretou uma
jovem lésbica em uma novela, houve uma explosão de recados
(românticos) de garotas para garotas. Não estou fazendo juízo de valor
no que diz respeito às escolhas sexuais de ninguém. Entretanto,
desconfio que muitos desses recados não tinham nada a ver com a
sexualidade dessas garotas. Elas apenas queriam ser a Aline Moraes…
Imagino que, se a personagem da bela atriz fosse interpretada por
Regina Casé, o efeito no jornal teria sido nulo ou completamente
inverso.

Mesmo sabendo que o comportamento é uma potente fonte de influência
social, geralmente as pessoas que participam de estudos de psicologia
social dizem com veemência que o comportamento alheio não influencia o
seu próprio. Você aí do outro lado também deve estar dizendo que isso
é uma grande besteira, que você não é influenciado por novelas, nem
por ninguém. Beleza. Mas, com certeza, você conhece um monte de gente
que adora seguir a maioria.

O perigo está na mensagem, repetida diariamente à exaustão, justamente
no horário em que a maioria dos televisores sintoniza a rede do
plim-plim. Muita gente assimila o comportamento dos personagens como
adequado, moderno e normal. A novela de Manoel Carlos é a receita para
o fracasso de uma sociedade que tem (ou já teve?) na família o seu
mais firme alicerce. Viver a vida, de verdade, é muito mais do que
isso. Tô certo ou tô errado?

FONTE: email, autor desconhecido.

veja o meu comentário, e comente também! =D

2 comentários:

  1. ....só pra refletir....
    cada um tem que ouvir,fazer e assistir o que gosta...o importante é ser e estar feliz!

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  2. Cara desde quando você é tão moralista?
    A arte é feita para impressionar mesmo, essa deve ser a intenção dela, a arte não pode ser reprimida de nenhuma forma. Até novela é arte.

    Sem repressões moralista, isso é do tempo da vó.

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